terça-feira, 12 de outubro de 2010

Esquecidos por Deus - Prólogo

O padre Amadio se preparava para mais uma noite de “sopão” no Centro de Vitória. O cheiro de carne assada lhe animou quando encontrou a turma no saguão do prédio. Sexta-Feira à noite os moradores de rua já sabiam, ao lado do Teatro Carlos Gomes sempre havia o sopão do pessoal da Igreja.

Enquanto enchia os vasilhames com a mistura doada por vários restaurantes, João Paulo Amadio reconheceu de relance um dos passantes. Interrompeu o serviço e gritou um nome que não ouvia a anos, Ludvik!

O pobre Ludvik era um garoto que tinha estudado com ele e seu pai sempre citava como exemplo enquanto repreendia o mau comportamento. “Você viu no que dá contar mentira?” ou “Não vá caçar briga, senão vai terminar como Ludvik, na cadeia!”.

João Paulo mal pode reconhecer o homem magro passando pelo Centro como mais um mendigo, sentiu um profundo desejo de ajudá-lo. Ludvik parou, virou desconfiado e sentiu um misto de alegria e vergonha ao encontrar o amigo de infância. Os vinte e três anos que cada um tinha vivido, tinha um efeito muito diferente para um e para outro. João Paulo estava corado, sadio era mais alto e cheirava bem, com aquele ar de limpeza de quem saiu do banho. Ludvik por outro lado, tinha cabelos desgrenhados, barba comprida e um rosto queimado de sol. Os dois conversaram bastante, enquanto João mostrava interesse em ajudar, mantinha a discrição de não fazer perguntas sobre assuntos incômodos. No fim da noite, dirigiram-se para a casa de João, onde o bom amigo Ludvik passaria a noite.

O apartamento era modesto mas aconchegante, Ludvik tomou um banho demorado e antes de sair certificou-se de que o banheiro não estaria sujo. Vestiu uma roupa de João e jantou. Era quase dez horas quando o telefone tocou, a irmã Rita convidou o padre para um passeio na baía de Vitória em virtude do encerramento de um encontro sobre ecologia. Por isso Ludvik foi mais cedo para o quarto de hospedes, mas deitou-se no chão, já não sabia dormir em cama. Quando acordou o aroma de café já sinalizava que o amigo estava de pé. Apressou-se, dobrou a roupa de cama e foi encontrá-lo na cozinha.

Os dois saíram e caminharam um pouco até o Porto, onde encontraram um grupo grande vestindo camisas brancas e se preparando para entrar na embarcação. A irmã Rita, uma senhora negra com óculos de hastes douradas acenou. Foi muito calorosa na recepção dos dois, arrumou um bom lugar para eles a seu lado. O passeio começou alegre pela linda baía de Vitória, os tripulantes conversavam animados, a irmã Rita oferecia café com leite e biscoitos caseiros, só Ludvik previu a desgraça.

Conrado não pôde dormir, há poucos dias não o fazia por ter pesadelos – agora era incapaz por não ter conseguido interpretá-los. O apartamento sem ela era grande, vazio, uma solidão que ele não podia suportar. Será que amanhecer era tão difícil assim?

As horas se arrastaram e ele também, quando os pássaros começaram a cantar e o céu ficou acinzentado, ele trocou de roupa e desceu. Seu apartamento fica em Jardim da Penha, um bairro de classe média alta na capital do Espírito Santo. Caminhou poucos metros até chegar a padaria que já estava abrindo. As meninas limpavam o chão, um senhor de meia-idade no balcão o cumprimentou com um aceno de cabeça, ele caminhou pelo piso úmido até o fundo, onde pediu um café e um pão com manteiga. O cheiro bom de pão fresco invadiu suas narinas e o revigorou. Sentou e deu um trago no café preto, sentindo-se um pouco menos miserável.

A notícia no jornal dizia em manchete: “Máquinas da empreiteira dinamarquesa chegam a Vitória para dragagem da baía, obras marcam a primeira etapa da ampliação do Porto que movimenta mais de 25 bilhões de dólares por anos...”

Quando terminou o café, deixou o jornal de lado e apressou-se para chegar à praia. Lá o céu estava deslumbrante, tingido de matizes violetas. Sentou na areia, cruzou as pernas e fez sua meditação matinal, mentalizando seu corpo como uma ligação mística entre a Terra e o Cosmos. Isto feito foi caminhando pela praia enquanto o dia começava, esqueceu-se de si enquanto admirava a beleza do lugar.

Raul não teve um início de dia tão agradável, estava a uma maldita semana tentando encontrar o corretor que desde o início lhe pareceu um cara enrolador e trambiqueiro. Ele odiava sair de casa, quanto mais no final de semana, quem diria naquela hora da manhã! Engoliu um café preto, arrumou a gravata e saiu.

O encontro estava marcado no píer de Iemanjá, na Praia de Camburi. O lugar estava cheio de famílias de turistas - velhas gordas e crianças com coriza – e o desgraçado não chegava. Já estava desistindo quando viu um carro parar, um Escort preto e mal cuidado. O homem saiu, era calvo, com um cavanhaque e óculos escuros, vestia uma camisa de botões abertos que deixava à amostra um cordão de ouro. Pelo modo como olhava para os lados Raul deduziu que ele o estava procurando. Aproximou-se e se apresentou o homem não parou de olhar para os lados, mas confirmou que era mesmo o corretor da casa herdada por sua cliente, Aline, e disse que lhe pagaria um passeio na barca, pois não era seguro conversar ali.

Nesse momento, Conrado passava no local e reconheceu Raul de longe. Foi até ele, agora com um humor bem sereno e lhe cumprimentou. A serenidade lhe deixou quando viu a companhia em que o colega estava, tudo bem que ele era paranoico, mas aquele homem era realmente estranho.Se ofereceu para ajudar em qualquer coisa, mas não pode fazer muito, o estranho era um cliente do amigo que teria uma reunião com ele durante o passeio de barca pela baía.

Para falar a verdade, Raul ainda não se lembra direito do que aconteceu nos próximos minutos, sentou-se com o estranho e tiveram uma conversa que agora descreveria como peculiar. De repente desfaleceu e sentiu uma pancada na cabeça, tinha se envolvido num acidente.

Ludvik teve uma visão mais completa da cena. Distraiu-se do que acontecia no barco em que estava quando a Terceira Ponte vista debaixo formou uma paisagem de cartão postal, mas não pode deixar de perceber um navio enorme à direita. Ainda que Ludvik não soubesse a diferença, a embarcação colossal era uma draga, navio com mais de cem metros de comprimento e um enorme “braço” com várias pás numa esteira para escavação. O navio chocou-se violentamente com uma escuna que passava pelo local e fez um movimento inesperado em direção ao pequeno barco em que o Ludvik e o padre se divertiam. O timoneiro tocou a buzina, mas era tarde. A batida foi violenta, o estrondo foi seguido pelo som de madeira se rachando e gritos. Quando foram a pique, os dois não imaginaram que sobreviveriam, quanto mais que seu destino seria transformado tão radicalmente.

Esquecidos por Deus - Prólogo

Anotações sobre os personagens
1 - Conrado está há dois anos no Ministério Público, antes disso foi policial civil. Sempre mantém contato com alguns amigos do trabalho anterior, principalmente os que são, como ele, maçons ou rosacrucianos. Em relação a isso, sempre foi um cara interessando em assuntos como, sexto sentido etc., levando fé por exemplo, na lei de causa e efeito. Sempre foi um homem enérgico, justo e intelectualizado. Entre seus pequenos pecados está a paranoia, isto o leva a prejudicar os concorrentes em potencial, além de tomar um cuidado redobrado com os riscos que envolvem a sua profissão.
Recentemente tornou-se noivo de uma jovem médica chamada Aline. Quando começou a ter pesadelos recorrentes, não imaginou do que se tratava, era um aviso, sobre ela. Aline se envolveu em um acidente de carro, entrou em coma, mas os médicos não souberam explicar a causa. Isso faz seis dias, pensou em visitar a família, que em parte mora no Rio, enquanto seu pai continua em SP, só que o trabalho não lhe permite.
NOME: Conrado
JOGADOR: André Roepke
CRÔNICA: Esquecidos por Deus
VIRTUDE/VICIO: Fé/Paranóia
ATRIBUTOS:
MENTAIS (5 pontos): Inteligência 3; Raciocínio 3; Perseverança 2;
FÍSICOS (3 pontos): Força 2; Destreza 2; Vigor 2;
SOCIAIS (4 pontos): Presença 2; Manipulação 2; Autocontrole 3;
HABILIDADES:
MENTAIS (11 pontos):
Erudição 2; Informática 1, Investigação (crimes) 3, Medicina 2, Ocultismo (magia) 3
FÍSICOS (4 pontos):
Armas de Fogo 2, Condução 2
SOCIAIS (7 pontos):
Astúcia 3, Manha 2, Persuasão 2
VANTAGENS:
Sexto Sentido 3, Contatos 1, Recursos 3
Outras Características:
Moralidade: 7
Força de Vontade: 5
Vitalidade: 7

2 – Raul Boa Morte é um aficionado em ciências criminais, por isso destacou-se no curso de Direito, quando um amigo - muito mais velho - chamado Dr. Rigamond o convidou para trabalhar em seu escritório. Conduto, por razões que ainda não ficaram claras, logo depois, o Doutor despediu-se dizendo que teria que se mudar, mas que tudo ficaria bem, sem mais foi embora e isso já faz alguns anos. Desde então, Raul firmou sociedade com outro advogado chamado Beto e continou tocando os assuntos do escritório. Recentemente, uma jovem chamada Cecília os contratou para cuidar de uma casa herdada e devido a isso, Raul foi procurar o corretor responsável, um excêntrico chamado Caio.
NOME: Raul Boa Morte (28 anos)
JOGADOR: Ronaldo
CONCEITO: Advogado cético
CRÔNICA: Esquecidos por Deus
VIRTUDE/VICIO: Temperança/Dependência (remédios)
ATRIBUTOS:
MENTAIS (5 pontos): Inteligência 3; Raciocínio 3; Perseverança 2;
FÍSICOS (3 pontos): Força 1; Destreza 3; Vigor 2;
SOCIAIS (4 pontos): Presença 2; Manipulação 2; Autocontrole 3;
HABILIDADES:
MENTAIS (11 pontos):
Ciências 2, Erudição (Direito) 3; Informática 3, Investigação (morte) 3
FÍSICOS (4 pontos):
Armas de Fogo 2, Condução 1, Esportes 1
SOCIAIS (7 pontos):
Astúcia (Sentir motivação) 2, Manha 2, Persuasão 2, Socialização 1
VANTAGENS:
Contatos (polícia e judiciário) 2, Recursos 3, Status (judiciário) 1, Idiomas (inglês) 1
Outras Características:
Moralidade: 7
Força de Vontade: 5
Vitalidade: 7

3 – Ludvik trabalhou na lavoura em Domingos Martins durante toda a infância, por isso teve pouca educação formal. Na juventude, foi acusado de um crime que não havia cometido, alguém cultivava drogas na fazenda onde trabalhava. Depois de ter cumprido pena, voltou e matou os responsáveis, roubou algumas provisões e queimou a casa em que viveu. Jamais fez contato com a sua família de novo, pois desde então, tem vivido na rua.
NOME: Ludvik (23 anos)
JOGADOR: Morelo
CONCEITO: Pomerano Errante
CRÔNICA: Esquecidos por Deus
VIRTUDE/VICIO: Justiça/Ódio
ATRIBUTOS:
MENTAIS (4 pontos): Inteligência 1; Raciocínio 3; Perseverança 3;
FÍSICOS (5 pontos): Força 2; Destreza 3; Vigor 3;
SOCIAIS (3 pontos): Presença 2; Manipulação 2; Autocontrole 2;
HABILIDADES:
MENTAIS (4 pontos):
Ofícios 1, Ocultismo (Folclore) 3
FÍSICOS (11 pontos):
Atletismo 1, Briga 3, Condução 2, Armas de Fogo 2, Sobrevivência 1, Armamento 2
SOCIAIS (7 pontos):
Empatia 1, Intimidação 2, Astúcia 2, Manha 1, Persuasão 1
VANTAGENS:
Senso de Perigo 2, Reflexos em Combate 1 (Faltam dois pontos)
Outras Características:
Moralidade: 7
Força de Vontade: 5
Vitalidade: 8

4 – João Paulo Amadio é o terceiro de cinco irmãos em uma família de tradicionalista de italianos que guardam a memória de seus antepassados que serviram orgulhosamente o Regime Fascisa. Na tenra infância foi colega de Ludvik, mas diferente deste, tinha uma vocação religiosa. Foi para o seminário onde aplicou-se diligentemente aos estudos, hoje é muito erudito, fala italiano e latim, é versado em teologia. Recentemente, foi designado a assistente do pároco da Catedral, mudando-se para o Centro de Vitória.
NOME: João Paulo Amadio (23 anos)
JOGADOR: Jefferson
CONCEITO: Servo Fervoroso
CRÔNICA: Esquecidos por Deus
VIRTUDE/VICIO: Fé/Orgulho
ATRIBUTOS:
MENTAIS (4 pontos): Inteligência 2; Raciocínio 3; Perseverança 2;
FÍSICOS (3 pontos): Força 2; Destreza 2; Vigor 2;
SOCIAIS (5 pontos): Presença 3; Manipulação 3; Autocontrole 2;
HABILIDADES:
MENTAIS (11 pontos):
Erudição (Religião) 4; Informática 1, Investigação 2, Ocultismo (crenças) 4
FÍSICOS (4 pontos):
Briga 1, Condução2, Esportes 1
SOCIAIS (7 pontos):
Empatia 3, Persuasão (Discursos) 3, Socialização 1
VANTAGENS:
Memória Eidética 2, Idiomas 2, Recursos 2, Status: Clérigo 1
Outras Características:
Moralidade: 7
Força de Vontade: 4
Vitalidade: 7
Tamanho: 5
Deslocamento: 9
Modificador de Iniciativa: 4
Defesa: 2